ILHÉUS NÃO SERÁ TEMA DA PORTELA EM 2026: ESCOLA ESCOLHE VALORIZAÇÃO DA NEGRITUDE GAÚCHA 23y4v

Escola de samba escolhe enredo sobre a negritude gaúcha e descarta proposta que envolvia a história de Ilhéus, Jorge Amado e o ciclo do cacau 3y436h
Ilhéus chegou a ser cogitada como tema do enredo da Portela para o Carnaval de 2026, no Rio de Janeiro. A possibilidade foi noticiada com exclusividade pelo site O Tabuleiro, após confirmação da secretária de Cultura do município, Anarleide Menezes. As negociações estavam avançadas, e a própria gestora havia declarado que tratativas com a nova diretoria da escola vinham ocorrendo em sigilo, dependendo do resultado das eleições internas da agremiação — vencidas pela chapa Portela Raiz.
Segundo Anarleide, uma visita da escola à cidade já estava sendo articulada, com o objetivo de aprofundar o estudo da história de Ilhéus, desde o período colonial até os tempos de Jorge Amado e o apogeu do cacau. No entanto, a Portela decidiu seguir por outro caminho. Em 2026, o enredo da escola será voltado para a valorização da negritude gaúcha, com foco na contribuição afro-gaúcha na formação da identidade cultural brasileira.
O novo tema pretende lançar luz sobre personagens, tradições e histórias ainda pouco conhecidas do Rio Grande do Sul, exaltando a ancestralidade africana, o protagonismo negro e a diversidade como pilares de um Brasil mais plural. O desfile será uma homenagem à força cultural dos quilombos, das religiões de matriz africana, da oralidade e da luta histórica por reconhecimento e direitos no sul do país.
Para viabilizar o projeto, a Portela firmará um acordo de parceria institucional com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e da Secretaria Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade (Seidape). O Estado será responsável por articular o contato com lideranças negras, apoiar tecnicamente a construção do enredo e ajudar na captação de patrocínios via Lei Rouanet.
Essa será a terceira vez que o Rio Grande do Sul terá destaque na Marquês de Sapucaí. Em 1996, a Unidos de Vila Isabel apresentou o enredo “A Heroica Cavalgada de um Povo”, e em 2005, a Beija-Flor foi campeã com “O vento corta as terras dos pampas...”, sobre o legado das Missões Jesuíticas. Agora, a abordagem será mais inédita e urgente: dar protagonismo à cultura afro-gaúcha e corrigir silenciamentos históricos.
O anúncio da Portela coincide com dados do Censo 2022, divulgados em junho de 2025, que revelam que o Rio Grande do Sul é hoje o Estado com a maior proporção de praticantes de religiões de matriz africana do país — número que mais que dobrou em dez anos. O dado reforça a atualidade e a importância da homenagem que a azul e branca de Madureira levará à avenida.
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